Professor da FEA participa de concurso na Bélgica e aproveita a oportunidade para trabalhar a parte de projetos com seus alunos
O mercado de drones, também conhecidos por UAV, está em ascensão. Eles são aeronaves não tripuladas, comandadas a distância através de controle remoto. Desenvolvidos para o uso militar, ganharam notoriedade devido às facilidades que oferecem, como o alcance a regiões de difícil acesso e custo mais acessível, e vêm sendo cada vez mais empregados em atividades civis. Hoje, o equipamento é utilizado para monitorar lavouras, entregar produtos e até mesmo para captação de imagens em alta definição.
Ciente disso, o professor do curso de Engenharia Aeronáutica da FEA-FUMEC, Luiz Severiano Dutra, ao saber, pela internet, da competição para o desenvolvimento de projetos de design de aeronaves, promovida pelo Instituto Von Karman de Dinâmica de Fluidos, na Bélgica, não teve dúvidas de que essa seria uma boa oportunidade para trabalhar a parte de projetos com seus alunos.
Interessado no desafio proposto pelo Instituto, o professor analisou todo o regulamento do concurso e as especificações do projeto. Dentre as exigências, a aeronave precisava ser desenvolvida por alunos, entretanto poderia ter orientação de educadores. Além disso, a equipe de trabalho precisava ter entre quatro e oito estudantes.
Luiz Severiano Dutra, professor da FEA-FUMEC |
Dessa forma, o próximo passo foi estruturar uma equipe. Dutra, com os alunos do curso de Desenho Industrial, Vando Francisco Cardoso Oliveira e Rafael dos Reis Dias, e dos estudantes do curso de Ciências Aeronáuticas, Pedro Henrique Pompolini Maciel e Gustavo Mateus Carolino, começou a desenvolver o projeto proposto pelo Instituto. A equipe de trabalho foi chamada de “Rolling Waves”, e todas as etapas de elaboração e execução ocorreram sob a supervisão do professor. Ele conta que “o concurso era complexo e exigiu uma série de estudos. O projeto possuía limites bem antagônicos, o que o tornava complexo e, exatamente por isso, muito interessante”.
A primeira etapa da competição envolveu 17 equipes, sendo que a FEA-FUMEC foi uma das 13 universidades pré-selecionadas pelo Instituto Von Karman de Dinâmica de Fluidos para participar da competição de design de aeronaves, que ocorreu entre os dias 20 e 22 de maio deste ano. Ao todo, mais de cem universidades se inscreveram para a competição, entretanto apenas duas instituições de ensino superior brasileiras foram escolhidas para participar do evento.
Peculiaridades do projeto
O projeto elaborado para o concurso de drones era complexo e exigiu uma série de estudos |
Dutra conta que, entre as principais especificidades do concurso, uma era fazer com que a aeronave remotamente pilotada voasse a 800 Km/h (valor próximo à velocidade máxima de um Boeing e velocidade próxima à do som) em até 11 minutos. Portanto, era necessário carregar muito combustível. Tudo isso a uma altura de 500 metros. Após atingir a altura, o avião teria que permanecer sobrevoando uma área com raio de 75 metros por 3 horas. O professor conta que “esse é um raio apertado para um avião fazer, ou seja, a carga estrutural tinha que aumentar devido à rapidez que ele precisaria ter”. Ao final, o drone tinha que descer em modo de voo econômico. “Era preciso que ele descesse planando, sem motor, para voltar até a área inicial de onde havia sido lançado.” Para que fosse possível carregar o combustível e alcançar o objetivo da competição, “o peso do avião precisou ficar entre 30 e 40 quilos”, pontua Dutra.
A competição foi uma das atividades promovidas durante o curso de curta duração sobre UAVs e Design de Aeronaves, realizado também entre os dias 20 e 22 de maio, no Instituto Von Karman de Dinâmica de Fluidos. Dutra enfatiza que essa é uma instituição famosa e que tem uma parte de pesquisa muito grande. O curso tinha como objetivo descrever o processo de design de uma aeronave leve. A capacitação abordou desde a especificação até a produção de uma aeronave.
Nova disciplina
Entre os dias 20 e 22 de maio, Dutra esteve na Bélgica para defender o projeto elaborado pela equipe Rolling Waves |
Além de ir até a Bélgica para defender o projeto elaborado por seu grupo, o professor de Engenharia Aeronáutica também participou da capacitação sobre Design de Aeronaves. “A direção da Universidade entendeu que seria viável que eu fosse até o Instituto fazer esse curso. Agora pretendemos trazer esse material para criar uma nova disciplina sobre projetos de aviões rádio controlados”, conta Dutra.
A matéria fará parte das novas disciplinas que a FEA-FUMEC pretende inserir no curso de Engenharia Aeronáutica, visando à constante melhoria do curso ofertado pela instituição. “Acreditamos que a matéria será importante porque essa é uma área que irá crescer muito. Até mesmo os bombeiros e a polícia podem usar esses aviões. Um exemplo disso é o uso de drones em casos de queimadas em florestas. Esse tipo de aeronave permite que os órgãos competentes tenham uma noção da extensão da queimada, antes mesmo de eles chegarem até o local. Com isso, podem se preparar da melhor forma possível”, diz o professor.
Ante projeto, Túnel de Vento FEA/FUMEC. |
Outra iniciativa que irá favorecer os alunos da Universidade é a criação de um túnel de vento, que poderá ser utilizado por qualquer curso de graduação e mestrado da FUMEC. De acordo com Dutra, o túnel terá aproximadamente 13 metros de comprimento e ficará localizado na unidade Vitório Marçola. “O túnel de vento é um diferencial porque nós vamos poder usá-lo de forma acadêmica e em forma de pesquisa. Será um grande avanço. Todos poderão utilizar esse recurso, inclusive temos cursos de várias áreas da Engenharia que serão contemplados com a utilização dele”, comemora.
Nesse contexto, os alunos se beneficiarão também com o constante progresso na parte de projetos. Dutra conta que o mais importante é que, a partir do esforço da equipe para alcançar o objetivo do projeto, eles conseguiram um resultado maior do que esperavam, até mesmo em termos de marketing. Para ele, isso irá gerar uma melhoria para os estudantes. “Nós criaremos um novo padrão de cultura para trabalhar o projeto com nossos alunos”, comemora o professor, que ainda destaca: “No Brasil, nós temos uma instituição que também promove sua competição. É um pouco diferente da que participamos, mas trata-se de uma competição com esse tipo de avião. E é algo totalmente acadêmico, voltado para os alunos, com a assistência do professor”.
Dutra acredita que a FEA será uma das primeiras instituições de ensino a oferecer disciplinas como essa, pois é uma área muito nova no Brasil. Ele finaliza dizendo que a intenção de participar de concursos como esse “é de sair na frente, oferecendo para o nosso aluno situações que estejam atualizadas com a tecnologia e com os interesses da Engenharia Aeronáutica no mundo”.
Publicado por:
FEA ReVISTA, 11ª Edição, p. 26-29, 2014.